quarta-feira, 21 de março de 2007

National Congografic: Crocodile Dundee.

É verdade meus caros amigos, este país é o verdadeiro Texas, aqui tudo se pode fazer, comprar e vender. Até crocodilos!!!

Ontem o feliz comprador de um bicho deste, senhor que trabalha aqui, veio-nos chamar para mostrar uma "coisa" que tinha na mala do carro. Quando abre a mala, para grande surpresa minha vi um crocodilo com mais ou menos 1 metro de comprimento e que irá directamente para o tacho.

Até parece que já estou convidado para este magnifico repasto!

Ficam aqui as fotos.


A fera!!!

Todo atadinho mas se repararem a sua pequena boca não esta presa!!!

De perfil!!

Aí está ele!!

A observar o animal!!!

O "engenheiro" resposável pelas crocodilices cá do sitio. A verdade é que o homem percebe da coisa! Também podera, segundo ele, tem 6 ou 7 destes bichos em casa!
Segundo ele o crocodilo tem mais força na cauda e na boca, por isso furou a cauda com um prego e atou-a ao dorso e meteu um pau na boca do bicho (sem qualquer conotação sexual!!) e de seguida atou a boquita do bicho bem atadinha. Não tem nada que saber!!!

Aí estou eu, o "engenheiro" e uns quantos mais emplastros, quais caçadores triunfantes diante da sua presa.

Mais uma foto...

E por fim, José Ribeiro ergue o tão desejado trofeu! Parece o relato de uma qualquer final de futebol!!!






quinta-feira, 8 de março de 2007

Primeira visita…

Hoje tive a primeira visita cá em casa, convém dizer à população masculina que esteja a ler isto que esta história não envolve mulheres nem cenas de sexo gratuito. Lá se foram 90% dos leitores! Mas prosseguindo, num dia depois do trabalho, chego a casa abro a porta da casa de banho e dou de caras com uma barata, melhor, um baratão.

Como eu acho estes animais repugnantes posso dizer que não apreciei muito esta visita. Bem mas algo me diz que não será esta a ultima visita que terei deste género. Amanhã vou comprar um insecticida. Vou fazer uma contagem das vitimas para que fiquem a saber quantas visitas destas vou tendo por aqui!

Televisão local.

Televisão local

Bem o que dizer da televisão local. Musica congolesa sempre a dar o que começa a irritar, mas só um bocadito, passados 30 segundos. Esta música parece toda igual independentemente de quem cante. Bom mas tirando isso até há alguns aspectos positivos, mas poucos, da televisão daqui. Dão séries recentes, como a segunda temporada de Prison Break ou a terceira temporada de Desperate Housewifes, ou mesmo filmes algo recentes e que possivelmente em Portugal ainda não passaram como é o caso de Brokeback Mountain. Tudo isto era muito giro se não fosse a inexistência de qualquer horário e a possibilidade de que a qualquer momento o programa seja alterado por outro. Por exemplo estava eu uma vez a ver um filme que até me estava a interessar quando de repente e sem aviso mudam para um programa qualquer sem nunca mais ter visto este filme, ou por exemplo aqui a série Prison Break dá num canal todos os dias mais ou menos entre as nove e as dez da noite, mas já várias vezes que a série não dá.

Depois vem a telenovelas locais que parecem uma coisa saída doutra dimensão, homens a bater incessantemente nas suas mulheres (parece mesmo que é um hábito local, tipo em Portugal quando o Benfica perde mas aqui não há razões aparentes para tal coisa!) assaltos a casas com o dono a esconder-se em cima de uma porta, sim estão a ler bem e não há qualquer erro. O tipo tinha a porta um pouco aberta, empoleirou-se em cima dela e os meliantes passam por ele e não o vêm! Digo-vos que a porta não era assim tão alta como isso. Depois há qualidade dos actores, que é tão boa que quando, por exemplo alguém leva um balázio demora uma vida inteira a cair.

Um outro aspecto curioso é a constante transmissão de missas e coisas assim parecidas, na televisão local. Parece que os congoleses são muito religiosos. É missa todos os dias com direito a sessões de exorcismo, aqui é bem necessário porque os locais andam sempre com o diabo no corpo! É também normal haver sessões intermináveis de músicas religiosas cantadas em inglês.

Bem e é este o aspecto geral da televisão da República Democrática do Congo, o que me faz desejar ter, o mais rapidamente possível, ter televisão por satélite

segunda-feira, 5 de março de 2007

A noite Congolesa.

A melhor frase para explicar a noite Congolesa é noite de 3º mundo a preços de 1º mundo, senão vejamos uma simples cerveja custa à volta dos 4 dólares enquanto um Whisky pode andar na casa do 7, 8 dólares. Baratinho não é!!!

Mas isso não é tudo, a qualquer bar/discoteca que se vá (pelo menos nas poucas onde estive) o cenário é sempre o mesmo, a pista está cheia de “nativas” a roçarem-se com rebarbados quarentões brancos. Só visto, os tipos felizes da vida e elas lá fazem o trabalho delas, neste momento já podem estar a ver o tipo de clientela que frequentam essas discotecas, é meninas da vida (estou a ser simpático, pois pelo que já ouvi até cenas de sexo ao vivo nas discotecas há!) que fazem parecer a Carolina Salgado uma menina do coro, os Europeus sedentos de acção, ah e faltam também os Libaneses uma raça que por aqui é tão comum, como as baratas no meu apartamento.

Bem poderei estar a ser injusto mas pelo pouco que vi, e pelo que já me contaram isto é tudo assim. Já não é o primeiro a dizer-me que: “Aqui no Congo é tudo à la gardée!”. Pronto depois há sempre o europeu que só vai lá para beber o seu copo, como é o meu caso.

A música por vezes não difere muito de qualquer discoteca europeia, a famosa musiquinha do assobio que esteve tão em voga no verão passado em Portugal e outros êxitos semelhantes, o pior é quando põem uma música local, pois este tipo de musica é um flagelo tão grande como o mosquito. Liga-se a televisão e mais de 70% dos canais disponíveis lá estão a passar a música local. No início até se acha piada mas depois já farta. Mas vamos deixar a televisão para outro capítulo, pois também há umas palavrinhas a dizer sobre isso.

Mas nem tudo é mau fui a um bar com jazz tocado ao vivo por uma banda rotativa. Eu explico todos tocavam tudo e havia mesmo uns músicos suplentes, que para quando um estivesse cansado fosse logo substituído. A música era mesmo agradável! Ah claro as meninas da vida e o Europeu sedento de acção não podiam faltar!

E é este o cenário da noite congolesa, pelos olhos de alguém que acaba de chegar.

Sabia que…

A prioridade nas rotundas congolesas não é, ao contrário de Portugal, para quem vai no interior da mesma mas sim para quem vai entrar na rotunda!

Giro não é?

Pois nem por isso!

sábado, 3 de março de 2007

A chegada à RDC

A chegada ao país pode-se dizer que foi no mínimo atribulada, mas antes de relatar essa pouco feliz experiência, vou relatar um pouco da viagem e a sensação aquando da saída do avião.

A viagem foi feita de avião de uma companhia aérea chamada SN Brussels, que para os mais distraídos era anteriormente conhecida como Sabena e que diga-se de passagem parece que é uma boa de uma porcaria, senão veja-se, comecei a ver um filme, e a companhia aérea não disponibiliza ecrãs individuais mas ecrãs de, sensivelmente, 6 em 6 filas pelo que sempre que alguém se levantava ou as hospedeiras passavam lá se iam 3 a 4 minutos de filme, sem exagero, mas isso ainda era o menos mal. Depois veio o meu típico azar, estava já eu sentado no meu lugarzinho todo contente a pensar que ia sozinho quando me aparece uma figura do género feminino com notáveis semelhanças à Moby Dick ou mesmo a um bom Godzilla, e literalmente invade o meu espaço aéreo, bem tive de a aguentar até Douala (Camarões), um nome que para os aficionados do futebol não é estranho, o que equivale a 6 horas e meia de viagem. O que me valeu foi que a criatura foi a dormir quase toda a viagem e só despertava quando as hospedeiras a alimentavam. Como se isso não bastasse atrás de mim ia um aspirante aos Ídolos, pois sempre que eu tirava os phones do ouvido lá estava ele a cantarolar. Depois de uma hora nos Camarões parados, lá foram mais 2 horas e meia de viagem até Kinshasa, para os mais distraídos foram cerca de 10h de viagem o que cansa, mas só um bocadito.

A saída do avião, já em Kinshasa, foi a experiência mais marcante desta odisseia, pois quando se vai no avião com o belo ar condicionado, se sai e se respira pela primeira vez o ar Africano é algo que nunca mais se esquece, parecia quase que não conseguia respirar. Podem vocês estar a pensar “Ah este gajo estava perto dos motores do avião daí este choque!”, mas não a sensação manteve-se durante algum tempo, e sempre que aqui se sai de um sitio com ar condicionado e se sai para a rua há este choque.

Parecia-me a mim que depois de tudo isto nada mais me podia acontecer, mas estava redondamente enganado. Depois de sairmos do avião fomos para a fila de controlo de passaportes e dos cartões de vacinas. Depois de 30 a 45 minutos de espera lá chegou a minha vez de mostrar o meu passaporte, o estafermo (não lhe posso dar um nome mais simpático como mais à frente vão notar) começa a olhar para o passaporte com cara de caso, ou de quem quer algo, e pergunta-me “O senhor é a primeira vez que vem cá?” pelo que eu caí no erro de lhe dizer “É sim!”, não contente volta-me a fazer uma questão pertinente “Fala francês?” pelo que eu lhe digo que dava uns toques na coisa. Começa então o calvário, o gajo vira-se para mim e diz “Você sabe que só pode entrar no pais com uma carta de convite?”, pelo que eu perplexo ainda tentei dizer-lhe que tinha o visto e que estava tudo em ordem, mas ele estava-se nas tintas e de imediato manda-me esperar ali ao lado para que ele pudesse verificar os passaportes de todos os outros passageiros. Fico ali um bocado perdido com a situação visto que os meus companheiros de viagem já estavam na sala ao lado à espera das bagagens. A minha sorte foi que chega o jovem que nos vinha buscar e me disse para ir ter com os restantes companheiros que ele tratava de tudo, tretas foi o que foi, pois isto era na verdade uma questão de valores como se vai ver mais à frente. Vou para a sala ao lado e passados alguns minutos aparece o tal jovem e diz-me “Vou agora procura as malas e já lá vou buscar o passaporte.”, os meus companheiros de viagem mais experientes nestas lides acalmaram-me logo e diziam-me que os tipos do aeroporto só queriam dinheiro e que as coisas se iam resolver. Fiquei um pouco mais calmo esperamos mais 30 a 45 minutos e lá aparecem as malas, pelo que o tipo que nos vinha esperar diz-me que ia agora sim resolver de uma vez por todas a situação e que não me tinha de preocupar. Passados uns minutinhos aparece o jovem e diz-me que os tipos do aeroporto queriam falar comigo. Começo a stressar um pouco, como de costume, e lá vou falar com eles. Eram 4 ao todo, o mesmo sacanita que me viu o passaporte em primeiro lugar e, no que me pareceu, num tom de gozo, pergunta-me outra vez se eu sabia falar francês pelo que digo mais uma vez que sim, sabe, diz-me ele, “Não me parece você esteja a entender-me.”, pelo que mais uma vez lhe digo que sei dar uns toques no francês. Respondida esta questão pergunta-me então o que vinha eu fazer ao país dele pelo que lhe digo que vinha em visita. Ao que me parece este não é um motivo valido para se viajar para este pais, pois ele achou estranho este facto e questiona-me sobre o que vinha cá visitar. Já um pouco cansado com isto tudo tento explicar-lhe que vinha ver o país dele e ele continuou a achar estranho que eu só viesse ver as paisagens e voltou a perguntar-me o mesmo pelo que tive então de lhe dizer que vinha cá ver umas empresas e aí já entendeu. Voltou então o problema da carta de convite, e então já completamente fo#$%o volto-lhe a dizer que estava tudo em ordem e que não percebia o motivo da retenção. Começam então a dizer que eu era muito agressivo e para ter calma, pelo que lhes digo que até sou um tipo calmo e que não se mete em confusões, riem-se todos e começam-me a dar pancadinhas nas costa e eu ri-me também (se não os podes derrotar junta-te a eles!!!). O tipo que nos veio esperar dá-lhe então cerca de 40000 francos congoleses, perto de 80 dólares, uma boa quantia visto que um salário médio aqui anda à volta dos 60 dólares, e então tudo se resolve, as gargalhadas continuam e o tipo que guarda o dinheiro lança-me um olhar como quem quer dizer é a vida pelo que lhe digo que não tinha visto nada, riem-se outra vez enquanto me dão o passaporte e me dizem és muito esperto tu. Mais uns bacalhaus e umas palmadinhas e lá me pôs a andar dali para fora. Saio do edifício e está a chover, aqui nesta altura é a época das chuvas, e vem um puto tentar cravar-me algum dinheiro pelo que sigo e nem lhe ligo. Pode parecer frio mas se lhe dou alguma “atenção” vêm logo mais 5 ou 6 iguais a ele e assim por diante.

Mais um blog!!

Neste primeiro apontamento vou tentar explicar a razão por detrás, sem conotações sexuais, da criação deste blog. A primeira grande razão é relatar as minhas experiências no maravilhoso país onde me encontro, a Republica Democrática do Congo. E neste momento muitos de vocês podem estar-se a perguntar “Mas que raio esta aquele tipo a fazer nos confins do mundo?”. A resposta é simples: a trabalhar.

Outra razão muito forte é mostrar neste blog imagens, quer do meu dia-a-dia quer do dia-a-dia do país onde me encontro, pois enviar por E-mail estas fotos a todas as pessoas conhecidas iria revelar-se uma missão “quase” impossível pois aqui a Internet é como o próprio país e, posso dizer mesmo como quase todo o continente Africano, LENTA e PRIMITIVA.

Por fim acho que será uma boa oportunidade de mostrar um pouco da realidade congolesa, quer através de imagens quer através das experiências que relate aqui neste blog.

Espero que apreciem as minhas crónicas e que possam divirtir-se com as minhas pripécias congolesas.